Quando se fala de diversidade e inclusão nas empresas, quase que automaticamente se pensa nos profissionais com alguma deficiência. E o fato de associarmos diversidade e inclusão as pessoas com deficiência tem um motivo de ser: a lei n° 8.213, de 1991 ― conhecida como Lei de Cotas ― que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e que aborda a contratação de reabilitados do INSS e pessoas com deficiência, no mercado de trabalho formal.

Um trecho bem conhecido do artigo 93 diz o seguinte:

A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas.

Em 2015, foi criada a Lei Brasileira de Inclusão ou Estatuto da Pessoa com Deficiência ― lei n° 13.146. Em seu Capítulo VI, o texto trata especificamente do direito ao trabalho. E o artigo 34 diz: 

a pessoa com deficiência tem direito ao trabalho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente acessível e inclusivo, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

Vale lembrar que antes da “Lei de Cotas”, muitas pessoas com deficiência não conseguiam ter acesso à educação formal, tampouco a experiências de trabalho. E mesmo que a legislação contribua para mudanças, algumas barreiras ainda podem existir. E elas estão ligadas a falta de conhecimento sobre o tema.

A inclusão profissional de pessoas com deficiência nas empresas não deveria estar pautada apenas no cumprimento da legislação, que exige a contratação de profissionais com deficiência para os quadros de funcionários. Ela deveria ser encarada como uma responsabilidade social que demanda envolvimento e engajamento de todos.

Pela nossa experiência aqui na Inclusão Profissional do Instituto Jô Clemente, constatamos que muitas vezes as empresas não incluem as pessoas com deficiência por acreditarem que teriam dificuldades com a acessibilidade por exemplo.

Bom, para essa questão específica, se faz necessário um mapeamento de vagas para que a empresa possa receber adequadamente todos os colaboradores.

Basicamente esse processo de fazer um estudo sobre a acessibilidade, envolve conhecer realmente os postos de trabalho disponíveis, o perfil do profissional que irá ocupar cada posto, quais as atribuições de fato ele terá e a cultura da empresa.

Líderes, gestores e os próprios colegas precisam estar envolvidos na criação de um ambiente de trabalho inclusivo, tanto do ponto de vista físico, tecnológico quanto social. Todos deveriam ser preparados para apoiar a transformação e acolher as diferentes demandas sobre as necessidades das pessoas incluídas que possam vir a surgir.

Campanha, palestras de sensibilização, roda de conversa e outras estratégias de comunicação interna podem ser adotadas para que os funcionários da empresa também se sintam incluídos nesse processo.

É muito comum nós, integrantes da equipe de Inclusão Profissional do Instituto Jô Clemente, ouvirmos a seguinte pergunta: Como minha empresa, pode implementar um programa de inclusão de pessoas com deficiência?

Essa implementação requer atenção e esforços, pois os resultados normalmente são surpreendentes e geram outros fatores positivos. Como por exemplo, a colaboração para a formação de equipes mais criativas, empáticas e culturalmente mais ricas. Além de proporcionar experiências únicas que agregam valores, crescimento pessoal e profissional, melhoram a convivência e permitem a troca e o aprendizado mútuo entre os profissionais.

E aqui iremos dar a vocês uma dica de ouro: não basta apenas contratar pessoas com deficiência para sua empresa e acreditar que isso é o suficiente, que a inclusão está feita. Para se implementar um programa de inclusão de pessoas com deficiência é  preciso acima de qualquer coisa, compreender o papel social da inclusão profissional e apoiar o crescimento e desenvolvimento profissional das pessoas incluídas no programa.

Autoras

Jéssica Caroline Santos Afonso

Orientadora Profissional no Instituto Jô Clemente

Joyce Silva Costa

Instrutora de Inclusão Profissional no Instituto Jô Clemente

Kleise Elaine da Silva

Instrutora de Inclusão Profissional no Instituto Jô Clemente

Tatiana de Lima Instrutora de Inclusão Profissional no Instituto Jô Clemente